“A Ilha dos Mortos” era uma das obras mais famosas do mundo no final do século XIX.
E na verdade não se trata de uma obra, mas de cinco. Arnold Böcklin realizou 5 versões desse tema entre 1880 e 1886, a maioria durante sua estância em Florença.
Como artista simbolista, nunca falou sobre o quadro, sequer lhe deu esse título. Isso foi coisa do marchand de arte, Fritz Gurlitt em 1883. E vendo o potencial da obra para o mercado, pediu ao artista gráfico Max Klinger que realizasse gravuras do quadro em 1890. O que contribuiu ainda mais para sua fama, já que as gravuras eram muito mais acessíveis do que as pinturas, sem contar que a fotografia ainda não era barata.
A Ilha dos Mortos – interpretações
Mas Fritz Gurlitt não deu o nome a toa, porque essa cena lembra a mitologia clássica, onde Caronte rema em direção à Ilha dos Mortos para levar uma alma recém falecida (o personagem de branco) a Hades.
Como Böcklin perdeu 8 de seus 14 filhos, não parece estranho que o tema da morte rondasse sua mente e ainda era um tema bastante popular entre os pintores românticos e simbolistas desse período. Além do que a paisagem poderia evocar o cemitério inglês de Florença, onde o artista havia enterrado sua filha Maria.
A Ilha dos Mortos e suas cinco versões
Mas como Arnold nunca explicou ou se referiu à tela, essas são especulações. Sequer se tem certeza de qual seria a primeira versão, a ordem abaixo apresentada é a mais aceita. Perceba que as três últimas telas praticamente tem o mesmo tamanho. Mas que ele usou três tipos de suportes diferentes.
1880 | óleo sobre madeira | 74 x 122 cm | MET, New York
1880 | óleo sobre tela | 111 x 115 cm | Kunstmuseum, Basilea
1883 | óleo sobre madeira | 80 x 150 cm | Antiga Galeria Nacional de Berlim
1884 | óleo sobre cobre | 81 x 151 cm | Foi destruído na Segunda Guerra Mundial, apenas sobrou essa foto.
1886 | óleo sobre madeira | 80 x 150 cm | Museum der Bildenden Künste, Leipzig
Influências
Dalí e H.R. Ginger realizaram releituras esse quadro. Mas além deles vários outros artistas foram influenciados por essa tela, como Max Ernst, De Chirico, Lenin, Freud e Munch.
Ele aparece no livro “Desesperação” (1934) de Nabokov, onde afirma que reproduções da Ilha dos Mortos podiam “se encontrar em todos os lares de Berlim”. E Rachmaniov compôs um poema sinfônico baseado nessa obra de Böcklin.
Movimento: simbolismo e modernismo