O artista Sir Lawrence Alma-Tadema (1836 – 1912) nos traz um dos episódios históricos do Imperador Romano – Heliogabalus, que reinou no século III.
Era um sádico e foi tão odiado, que acabou sendo assassinado por sua própria família, após 4 anos de reinado.
Ele chegou ao poder sendo um adolescente no ano 218 e morreu com 19 anos, em 222.
Conhecemos vários episódios de sua vida, através da “História de Augusto”. Mas não dá para saber o que realmente aconteceu e o que é exagero ficcional. Boa coisa ele não era, porque até sua avó participou de seu assassinato!
Heliogabalus promovia bacanais em seu palácio. E nessa noite, quando seus convidados já estavam bêbados e cansados, o teto se abriu e dele começaram a cair pétalas de violetas.
No começo todo mundo estava feliz, com as cores, o perfume que exalavam essas pétalas. Mas as flores não paravam de cair e cada vez a torrente era maior, até que os convidados começaram a ser sufocados por montanhas de pétalas, não conseguiam mais respirar, engasgavam, as flores começaram a chegar até seus pulmões e pouco a pouco foram morrendo. Enquanto isso, o imperador apreciava a cena, ou seja, o “espetáculo” daquela velada.
Alma-Tadema substitui as violetas por rosas, para adequar sua mensagem à época em que viveu. Na sociedade vitoriana, as rosas simbolizavam a luxúria e o desejo. Já as violetas, algo totalmente distinto, a fidelidade e a humildade.
Portanto, quando seu público olhava esse quadro, entendia que o desejo exacerbado levou essas pessoas à morte. “A luxúria sufoca a alma e nem tudo é o que parece ser”.
“As rosas de Heliogabalus” – detalhes
Heliogabalus durante seu curto reinado casou 5 vezes. E o segundo casamento foi um escândalo, porque a noiva – Julia Aquilia Severa – era uma virgem vestal, que havia jurado permanecer celibatária por 30 anos!
Alma-Tadema x Botticelli
E sobre castidade, tem uma imagem no quadro que me chama atenção. Essa mulher que nos olha e segura uma granada. Ela parece estar salva do “mar” de rosas.
A granada é símbolo de ressureição e também de castidade. Tanto que levando em conta esse duplo sentido, Botticelli criou várias virgens onde esse fruto aparece nas mãos de Maria ou do menino Jesus.
Voltando a Alma-Tadema, quando ele realizou a tela, não era tempo de rosas em Londres, estamos falando do inverno de 1887 – 1888. Como ele conseguiu pintar as flores com tanta precisão? Não se fez de rogado, mandou vir rosas desde a Riviera Francesa por várias semanas.
Ele trabalhou 4 meses nessa pintura, uma encomenda de Sir John Aird, pela qual o baronete pagou 4000 libras esterlinas. Hoje estaríamos falando de mais ou menos 110.000 GBP. Alma-Tadema já era famoso e membro da Royal Academy, onde a obra foi exposta em 1888.
Dimensões: 132,1 x 213,9 cm
Técnica: óleo sobre tela
Gênero: pintura histórica
Movimento: romantismo (influência dos pré-rafaelitas)
Onde se encontra: México, na Coleção Pérez Simón