Guias Arte 365

Descida de Cristo ao Limbo (1552) de Bronzino

Quem criou essa “Descida de Cristo ao Limbo”?

Agnolo Bronzino (1503 – 1572) pintor maneirista, um movimento inserido entre o Renascimento e o Barroco.
Descida de Cristo ao Limbo Bronzino

O que pinta?

Um episódio descrito no Evangelho de Nicodemos (21 – 24), que é um texto apócrifo, ou seja, que está fora da Bíblia.

Cristo após ressuscitar, desce ao submundo para libertar as pessoas merecedoras que morreram antes dele.

Foi polêmica em sua época?

Da forma que pintou, parece uma cena mitológica e não uma cena bíblica. Exala erotismo, através dos nús, das posturas dos personagens. Tudo isso, gerou bastante polêmica em sua época, foi pintada em 1552.

Na verdade, no início foi um baita sucesso, mas depois vieram críticas relacionadas com os nus. Quase 3 séculos depois, sério, em 1821, foi considerada inadequada para a igreja e levada para a Galeria degli Uffizi. Retornando à Basílica di Santa Croce só no início do século 20.

Como pinta?

Uma coisa bastante comum no Maneirismo era o “horror vacui”, o “medo” pelos espaços vazios.

Tanto que aqui só existe um vislumbre de “silêncio” no centro da rocha onde se apoia Cristo, o que conduz nosso olhar para ele. Não é legal que esse pequeno vazio, destaque o personagem?!

As encarnações (a forma como pinta as peles) são peroladas, por isso os corpos parecem quase esculturais, possivelmente influência de Michelangelo.

A perspectiva também não é tradicional, não nos conduz ao fundo da cena, mas para cima, como fazia seu mentor, outro pintor maneirista – Pontormo.

Por que ou para quem criou a obra?

Foi uma encomenda de Giovanni Zanchini, rico comerciante de tecidos, para a capela de sua família em Santa Croce.

O Vasari falou dele?

O Vasari é o cara que escreveu o primeiro livro de História da Arte. E sim ele dedicou uma biografia ao Bronzino, mas apenas na segunda edição, que saiu 18 anos depois da primeira, em 1568.
Além de falar do artista, também falou dessa obra:

Giovanni Zanchini tendo então construído uma capela muito rica, com os seus túmulos de mármore, em frente à capela Dini em Santa Croce em Florença, para a qual Bronzino criou um Cristo que desce ao Limbo para libertar os Santos Padres.

Agnolo concluiu esse trabalho com toda a extrema diligência possível que qualquer pessoa que deseja adquirir glória colocaria esforço semelhante.

Há lindos nus, masculinos, femininos, putti, velhos e jovens, com diferentes traços e atitudes de homens, que são retratos muito naturais. Entre os quais vemos a Jacopo Puntormo, Giovan Batista Gello, um acadêmico florentino muito famoso, e o pintor Bacchiacca.

E entre as mulheres retratou duas jovens florentinas nobres e verdadeiramente belas, dignas de eterno louvor e memória por sua incrível beleza e honestidade: Madonna Gostanza da Somaia, esposa de Giovan Batista Doni, que ainda vive, e Madonna Camilla Tedaldi del Corno, que já passou a melhor vida.

Identificando alguns personagens – Descida ao Limbo | Bronzino

Descida de Cristo ao Limbo Bronzino personagens

Bronzino e Stendhal

Stendhal descreveu ao sair de Santa Croce, a tontura que sentia ao estar exposto à beleza. Isso levou algumas pessoas a especular que a famosa “Síndrome de Stendhal” havia sido causada pela “Descida de Cristo ao Limbo” de Bronzino.

Baseado nessa hipótese, Orazio Garofalo constrói em audiovisual as sensações descritas por de Stendhal. Para tanto, usa imagens de Pablo Larrain e música de Henryk Górecki.

Mesmo tema, outra versão

Essa versão da Descida de Cristo, de 1516 é obra de Sebastiano del Piombo (1485 – 1547), artista de uma geração anterior a Bronzino. A tela mede 226 x 114 cm, e se encontra no Museu do Prado (Madri).

Suas figuras monumentais também estão influenciadas por Michelangelo. E sua paleta pela Escola veneziana, aliás ele nasceu em Veneza.

“Descida de cristo ao Limbo” por Bronzino (1552)
Óleo sobre tela | 443 x 291 cm
Basílica de Santa Croce, Florença
Movimento: Maneirismo