Na tela “Enterro de Ornans” vemos um enterro na cidade natal do artista. Onde não há gestos heróicos ou dramáticos.
“Courbet quer viver a realidade como ela é, nem bela nem feia: para chegar a isso, não tendo outro caminho, desfaz-se de todos os esquemas, preconceitos, convenções, tendências do gosto” (Argan, p. 92).
Enterro de Ornans – os personagens
Todos os personagens posaram em seu ateliê (de forma separada) e são moradores da cidade. Inclusive aparecem familiares do artista.
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Enterro de Ornans – composição e título
O artista deu o seguinte título à obra: “Quadro de figuras humanas, histórico de um enterro em Ornans”.
Interessante como ele vai rompendo moldes. Hoje a gente olha e acha uma tela bem normal, mas naquela época foi um escândalo.
Para começar pelo próprio formato. O quadro é enorme, mede 3,15 metros por 6,60 metros. Esse era um tamanho, normalmente destinado para pinturas históricas e não para cenas corriqueiras.
Exposto no Salão de 1850 indignou os assistentes pela feiura dos personagens. E um crítico profetizou que seguiria “na história moderna como as colunas do Hércules do Realismo”. Olha o que falou Delacroix.
Em termos compositivos, prevalecem as linhas verticais conformadas pelos personagens, equilibradas com as linhas horizontais da paisagem do fundo.
Enterro de Ornans – inspirações
A disposição dos personagens estaria inspirada nos retratos coletivos das guardas cívicas holandesas, pertencentes ao barroco.
A historiadora Linda Nochlin o comparou ao “Enterro do Conde de Orgaz” de El Greco no que diz respeito à divisão do terrenal e do celestial.
É certo que no quadro de El Greco vemos anjos, santos, mas Courbet já havia afirmado que ele não pintava anjos, porque nunca os tinha visto!
Técnica: óleo sobre tela
Formato: 315 x 660 cm
Onde se encontra: Museu D´Orsay (Paris)
Movimento: Realismo
Courbet – Vídeos Arte 365
* citação: Livro “Arte Moderna” do Argan.