Joanna Koerten (1650 – 1715) foi uma artista dos pés à cabeça. Nasceu na Holanda e realizou pinturas, aquarelas, desenhos, modelagens em cera, gravuras em vidro, mas sua técnica estrela era o recorte de papel!
“Sua tesoura artística leva seu nome com fama pela Holanda, que se surpreende com o entalhe de sua mão”, escreveu seu contemporâneo Arnold Houbraken.
Houbraken não exagerou em nada, em verdade ela foi além do que ele narra. Joanna trabalhou para reis, príncipes e czares. Suas obras se espalharam pela Europa toda, mas devido a delicadeza do seu trabalho, poucas chegaram até nós.
Na sua época, tinha melhor cotação que artistas como Rembrandt. Para você ter uma ideia vendei um de seus recortes para a corte austríaca por 4.000 florins. Rembrandt recebeu 1.600 florins pela Ronda Noturna.
Joanna Koerten – Santo Antonio de Pádua
Essa obra mostra Santo Antônio de Pádua entre árvores, pássaros, animais e putti com uma inscrição. Se já surpreende por si só, o assombro é ainda maior quando nos deparamos com seu tamanho – 10,7 x 8,10 cm.
Realizado em 1700, esse pingente pertence ao British Museum. Nele Koerten, aplica seus recortes sobre um fundo escuro. Mas pelas crônicas da época, também inseriu seus recortes sobre fundos de paisagem que ela também pintava.
Os recortes eram normalmente colocados entre duas placas de vidro para protegê-los. E as vezes, uma vela era colocada atrás da obra, para que parecesse ainda mais viva.
Sua casa era frequentada por nobres, intelectuais, outros artistas que desejavam ver o armário onde expunha seus recortes. Esses visitantes eram convidados a deixar suas impressões ou versos em um caderno, no qual consta a assinatura do czar Pedro, o Grande.
Muitos poemas eram tão especiais que já em 1736, ou seja, após sua morte, foram editados por Pieter Testas e publicados.
Obra-prima
Essa obra de arte que traz a alegoria da liberdade, rodeada de moedas dos 12 imperadores romanos, é considerada uma de suas obras-primas, entre aquelas que sobreviveram ao tempo.
Pertence ao Museu Westfries (Hoorn, Holanda). Para sua criação, a artista se baseou no livro de Abraham Bogaert (1697) em que descreve a história do Império Romano. Abaixo da “Liberdade” vemos a Rômulo e Remo.
Na atualidade, temos ciência de 15 obras de Koerten espalhadas em museus da Holanda e do Reino Unido.