Em 2020, a OMS foi a instituição que estave na boca de todos. Esse órgão criado depois da Segunda Guerra Mundial declarou a pandemia do Covid-19.
A sede da OMS fica em Genebra (Suíça) e se construiu num esforço mundial em 1966.
Naquela ocasião, o Brasil convidou o artista Iberê Camargo, com 52 anos de idade, para criar um mural que o governo daria de presente para a nova sede.
Painel da Organização Mundial da Saúde: o processo
O artista viajou para Suíça, visitou o prédio ainda inacabado, realizou muitos estudos para criar 49 metros quadros de pintura. A Fundação Iberê Camargo possui os estudos, o que nos permite ver todo o processo artístico, eu vibro quando estou diante desses esboços, porque sinto que estou dentro da mente do pintor.
Arte & arquitetura
Iberê se preocupou com a experiência do espectador, qual seria seu enfrentamento à obra de arte:
Será uma composição abstrata, porque é assim meu trabalho atualmente.
Já tenho mais ou menos o plano para sua realização, a propósito estive conversando com vários arquitetos (é necessário que haja integração entre o trabalho do arquiteto e do artista) e Lúcio Costa me fez uma observação interessante, que vou aproveitar na composição do painel.
Observando a planta do edifício, que veio a meu pedido, Lúcio fez notar que o painel começará a ser visto já de uma distância de quarenta metros, num ambiente todo neutro, portanto aberto à qualquer coloração que se queira empregar.
O interessante é que devido a um falso forro que lhe cobre, à distância, a parte superior, o painel somente será visto em sua totalidade à uma distância de poucos metros.
E isto eu vou aproveitar para dar um movimento, uma dinâmica visual à obra, realizando um painel em dois planos.
O primeiro que se vê a distância e um que possibilite a realização de um outro, que cause um novo impacto ao observador que vê de perto.
Procurarei no entanto que estas duas concepções se conciliem para, numa visão total, oferecer de novo um quadro diferente.”
Painel da Organização Mundial da Saúde: “in locu”
Ele pintou o mural “in locu”, sofrendo com o pó da construção e as inclemências do tempo!
Um edifício nasce do barro, assim como o homem e por isso também tive que enfrentar o pó que vinha do edifício em construção e que me turvava a vista a maior parte do tempo.”
A descoberta dos estudos
O mais louco nessa história é que todos esses estudos estiveram guardados numa caixa lacrada por quase 40 anos no porão da OMS. E só foram descobertos graças à esposa do artista, Maria Coussirat Camargo, que realizou uma consulta a OMS através da Fundação Iberê Camargo. A caixa se abriu em 2008.
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